domingo, 6 de abril de 2014

"Falling" - Cap. 39




Quando minha mãe foi dormir, eu peguei minha mochila e deixei um bilhete na mesa da cozinha, saí de casa sem fazer nenhum barulho. A casa do Justin estava completamente escura, caminhei até o fim da rua, esperando que ele estivesse ali, mas não estava, sentei na calçada e mandei-o uma mensagem. Fiquei esperando por volta de dez minutos, até ficar impaciente. Levantei e quando virei para ir procurá-lo, ele apareceu na minha frente.
- Minha irmã estava tendo pesadelos. – Justin estava abalado emocionalmente e isso era muito visível. – Eu vou até a delegacia... – A expressão do Justin demonstrava muita raiva. – Ele ameaçou minha irmã na porta da escola, eu vou acabar com ele.
- Vai contar tudo? – Perguntei e Justin ficou me olhando.
- Tudo. – Ele respondeu. – Você ainda quer vir comigo?
- Sim, eu vou. – Entrelacei nossos dedos.
- Por que está levando uma mochila? – Ele riu. – O que tem aí?
- Nada. – Afastei-me com vergonha.
- Vamos. – Justin passou o braço pelos meus ombros e nós seguimos em direção da delegacia. Justin fez algumas piadinhas no caminho, o que significa que ele estava nervoso. Paramos em frente a porta de entrada, Justin olhava seus pés, suas pernas tremiam, segurei suas mãos.
- Você não tem culpa. – Beijei sua bochecha. – Fique firme.
- Você me ajuda se eu gaguejar? – Justin olhou em meus olhos.
- Sim. – Puxei-o e a porta rangeu, fazendo os policiais nos olharem, um deles apontou a arma, mas abaixou rapidamente, parecia estar assustado.
- Temos um depoimento para dar. – Justin levantou as mãos.
- O que estão fazendo andando por aí essa hora da noite? – Um policial se aproximou. – Me acompanhem. – Ele nos levou para a sala do delegado.
- O delegado está vindo. – Assim que ele disse, o delegado entrou.
- Justin? – Ele nos olhou. – Você... Elizabeth, certo?
- Isso mesmo, Senhor. – Sorri.
- O que fazem aqui? – Ele parecia surpreso. – Sentem-se.
- Delgado, eu preciso contar tudo que eu sei.
- Você me disse que havia contado tudo, no último depoimento.
- Sim, mas aconteceram muitas coisas desde então. – Justin me olhou.
- Pode começar. – Ele disse sorrindo.
- Bom... – Justin contou exatamente tudo, até mesmo sobre ele ter ajudado o Bill a enterrar o corpo do homem. Ele não gaguejou, não chorou, se manteve forte em todo o depoimento que durou quase uma hora. O delegado ficou boquiaberto quando o Justin terminou. – Ele está me esperando para me ameaçar em mais alguma coisa.
- Vamos mandar uma equipe com você e trazemos Bill para esclarecer tudo isso. – O delegado parecia um pouco abalado com tanto informação.
- Ele não pode desconfiar, ele ameaçou minha irmãzinha. – Justin disse preocupado.
- Vamos fazer o seguinte... – O delegado explicou o que o Justin devia fazer, me excluindo completamente do plano.
- Eu quero ir. – Disse e os dois me olharam.
- Você não vai, vamos te deixar na sua casa. – O delegado não deixou nenhum espaço para que eu respondesse. – E você, Justin, precisa voltar para cá e responder um interrogatório.
- Eu não vou sair daqui. – Disse teimosa e cruzei os braços. – Eu quero ir.
- Elizabeth isso aqui não é brincadeira, você não vai. – O delegado estava parecendo meu pai. – Vou chamar uma equipe, venham comigo.
- Delegado, eu posso ajudar. – Insisti.
- Eu já disse que não, você quer que eu ligue para sua mãe?
- Pode ser. – Respondi sem me preocupar com a autoridade dele.
- Amor. – Justin virou-se para mim e segurou meu rosto. – Isso pode ser perigoso e você estar lá pode atrapalhar as coisas.
- Tudo bem. – Afastei-me. – Eu vou embora sozinha. – Tirei suas mãos de mim, mas Justin puxou minha cintura.
- Para Liz. – Ele pediu e me abraçou. – Se eles me prenderem, você virá me visitar. – Percebi que estava sendo egoísta, enquanto Justin estava sofrendo.
- Eles não vão te prender. – Abracei-o forte.
- Vamos. – O delegado nos olhos. – Vamos te deixar em casa Elizabeth.
- Eu vou sozinha, obrigada. – Olhei Justin e ele me beijou.
- Nos vemos amanhã. – Ele disse separando nossos lábios.
- Cuidado, por favor. – Acariciei seu rosto, Justin beijou minha testa e se afastou. Acompanhei-o até o lado de fora da delegacia e os vi se dividirem em dois carros. Acenei para o Justin, quando ele abriu o vidro da porta de trás. Esperei o carro desaparecer e fiquei encarando um carro da polícia. – Você não vai roubar um carro Elizabeth. – Olhei em volta e vi uma bicicleta encostada perto da escada, corri até ela e olhei para os lados, não havia ninguém ali. Peguei a bicicleta e sai correndo, subi nela e pedalei o mais rápido que conseguia. Fazia muito tempo que eu não andava de bicicleta, há alguns meses eu não tinha nem um pouco de fôlego para fazer isso, vi as duas viaturas e diminui a velocidade, os segui com certa distancia para que não me vissem. Espero não me arrepender disso.
Vi que as viaturas diminuíram a velocidade até parar, freei a bicicleta e quase cai. Justin desceu do carro e foi caminhando sozinho para dentro do terreno com plantações que tinham metros de comprimento. Deixei a bicicleta ali e corri para seguir o Justin. Vi Bill com uma machado na mão e meu coração parou.
- POR QUE DEMOROU? – Bill gritou enquanto Justin se aproximava, eu me escondi atrás de um arbusto.
- Eu te disse para ficar longe da minha família. – Justin disse com raiva.
- Sua irmãzinha é uma criatura amável, ela queria brincar comigo. – Bill ria, Justin fechou o punho e socou a cara dele. – FICOU MALUCO? VOCÊ ACHA QUE EU ESTOU BRINCANDO? – Bill segurou o machado com força.
- O que quer comigo? – Justin não estava com medo.
- Vai me ajudar a matar um cara que está me ameaçando.
- Eu não vou matar ninguém. – Justin se afastou.
- Eu chamei o cara aqui, ele está chegando e quando chegar, você vai bater com esse machado na cabeça dele.
- EU NÃO VOU MATAR NINGUÉM.
- Sua irmã é nova demais, Justin, pense melhor. – Justin fechou os punhos outra vez.
- Chega disso, você não vai continuar me ameaçando.
- Ficou atrevido? Tem certeza de que vai bancar o forte agora? – Vi que Bill estava mexendo no bolso, ele tirou uma arma e apontou para o Justin.
- NÃO. – Sai de trás do arbusto e entrei na frente do Justin.
- O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI? – Bill abaixou a arma. – Vá embora Elizabeth.
- Você não devia... Lizzie, droga, o que está fazendo aqui? – Justin sussurrou preocupado.
- Desculpe. – Virei. – Bill, fale comigo. – Dei passo para frente, Justin segurou meu braço. – Tudo bem. – Olhei-o.
- Não. – Justin não me soltou.
- Solte-a. – Bill levantou a arma de novo. – Venha aqui Elizabeth.
- NÃO. – Justin me puxou e Bill atirou para o alto.
- EU DISSE PARA SOLTÁ-LA. – Ele gritou, Justin estava nervoso e ofegante, olhei para os olhos dele e fui me afastando, olhei Bill e ele sorriu. – Você veio me ver?
- Eu vim te convencer a vir comigo em um lugar, você aceita? – Tentei ficar calma e me aproximar devagar.
- Eu vou. – Ele sorria. – Mas depois. – Ele voltou a ficar sério. – Preciso resolver algo, mas é rápido.
- Pode soltar essa arma? Está me assustando. – Pedi e ele ficou encarando a arma em sua mão e colocou no chão.
- Desculpe, não queria te assustar, meu amor. – Ele sorriu e abriu os braços, eu estava perto e com medo de me arrepender dessa aproximação. Onde estão os policiais? Fechei os olhos e respirei fundo.
- Lizzie. – Justin sussurrou. Dei o último passo e fiquei de frente para o Bill, ele ainda sorria, ouvi alguns estalos e galhos quebrando e depois ouvi um grito de um policial, virei e corri para os braços do Justin, ele me abraçou.
- Nem pense nisso Bill. – O delegado disse, haviam seis armas apontadas para ele, Bill me olhou.
- Você mentiu para mim, VOCÊ ME ENGANOU. – Ele estava com muita raiva.
- Você precisa de ajuda. – Disse chorando, Justin me abraçou e eu enfiei o rosto em seu peito, não queria olhar mais nada, já tinha fingido ser forte por bastante tempo.
- VOCÊS ME PAGAM. – Bill gritou, Justin me conduziu até uma das viaturas e eu disse para um dos policiais onde deixei a bicicleta que roubei.
- Você ajudou bastante, eu acho que eu iria perder a cabeça se você não chegasse. – Justin colocou o casaco dele sobre meus ombros e encostou-se à porta do carro, onde eu estava sentada.
- Eu pensei que ele ia atirar em você. – Disse ainda assustada com tudo. - O sorriso dele quando me viu, Justin, Bill está perturbado, não é só raiva ou inveja, ele está doente.
- Eu vou procurar o pai dele amanhã. – Justin estava abalado com isso.
- Justin, você precisa me acompanhar. – O delegado disse. – E você também, garota. – Ele parecia bravo. Coloquei as pernas para dentro do carro e dei espaço para o Justin entrar, ele sentou ao meu lado e me abraçou.
- Minha heroína. – Justin beijou minha bochecha.
- Eu estava te devendo essa. – Sorri e me aconcheguei em seus braços.
Continua...

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