Os meus passos estavam lentos, meus olhos
enxergavam apenas o fim do corredor, tudo em volta era sem importância no
momento. Parecia que eu estava naqueles filmes onde tudo fica em câmera lenta e
sua vida passa diante dos seus olhos em alguns segundos, era como se o meu
mundo não fizesse mais sentido. O sinal tocou e eu parei de andar, minha visão
voltou ao normal e a velocidade com que as pessoas andavam aumentou, fiquei
parada no corredor, vendo-o ser esvaziado.
- O que está fazendo aqui fora Senhorita
Bradshaw? – O professor de História me olhava, não o respondi e caminhei para
dentro da sala, sem olhar para trás.
- Liza. – Eve virou-se e sorriu
para mim, quando sentei atrás dela. – Brandon me pediu em namoro. – Ela estava
muito animada.
- Legal. – Foi o que consegui
falar, então abaixei a cabeça e debrucei sobre a mesa. Eu não queria ser
grossa, mas eu não estava bem.
- Senhorita Bradshaw, poderia vir
fazer a resolução desse problema na lousa? – Perguntou o professor de álgebra.
- Não. – Disse ao abrir os olhos.
- Você vem à escola para dormir,
Senhorita Bradshaw? – Ele estava surpreso com a minha resposta, porque eu
sempre respondo as questões.
- Não, venho porque sou obrigada.
– Respondi mais uma vez e comecei a guardar o material, sabia o que viria
depois.
- Se retire da minha sala, por
favor. – Ele abriu a porta, levantei e caminhei para fora da sala. – Não vou te
dar uma anotação, mas é bom que tenha uma explicação para estar agindo assim. –
O professor fechou a porta e eu encarei o corredor, decidindo por onde seguir.
Direita. Caminhei para a direita e abri a porta de uma sala, onde havia uma
placa escrita “não entre”. Tanto faz.
A cena que presenciei não foi agradável, um garoto com o uniforme do time de
futebol estava se atracando com uma líder de torcida.
- O que está fazendo aqui garota?
– Ele me encarou.
- O mesmo que vocês, me
escondendo. – Entrei, fechei a porta e acendi a luz, então eles começaram a
arrumar suas roupas, que por pouco não foram tiradas.
- Você não pode ficar aqui. – Ele
disse irritado.
- Vocês também não. – Sorri falsa
e sentei no canto da sala cheia de produtos de limpeza.
- Vou para a sala, depois nós
continuamos. – A menina disse com uma voz irritante e antes de sair, quase
engoliu os lábios do garoto.
- Pode deixar que eu te ligo. –
Ele disse com um pouco de desprezo e depois me encarou.
- A coitada ainda acredita em
você. – Ri, encarando minha agenda.
- Por que está se escondendo,
nerdizinha? – Ele sentou ao meu lado.
- Não te interessa.
- Nossa, está irritada?
- Cara, por que não vai procurar
outra vadia que vai cair na sua história de “eu te ligo”. – Estava ficando
realmente irritada.
- Eu vou ligar... Um dia, quando
eu precisar. – Ele começou a rir.
- Que nojo de você. – Levantei e
caminhei até a porta. – Devia ter vergonha.
- Vergonha de poder ter a mulher
que eu quiser? – O garoto levantou e se aproximou, olhei em seus olhos.
- Vergonha de não conseguir ser
amado por nenhuma delas. – Sai dali e caminhei para o banheiro. Olhei-me no
espelho e vi uma lágrima percorrer meu rosto, enquanto eu imaginava como
estaria em algumas semanas.
No refeitório, enquanto eu
aguardava na fila, vi Eve procurando por alguém e encontrei seus olhos, ela
começou a caminhar em minha direção e eu rezei para que não perguntasse o que
eu tinha ou se eu estava bem.
- Finalmente te encontrei. – Ela
sorriu fraco. – O que aconteceu mais cedo, por que agiu daquela forma? – Ela
não perguntou, mas se eu for responder essa pergunta com a verdade, terei que
dizer que não estou bem e que tenho algo, assim receberia mais perguntas.
- Depois conversamos. – Andei e
peguei uma bandeja.
- Liza, você
está escondendo algo. – Eve me seguia, enquanto eu enchia minha bandeja.
- Não estou
escondendo nada, depois nós conversamos! – Repeti e Eve me virou, derrubando
meu copo de suco que estava equilibrado na bandeja.
- Você vai
conversar comigo agora. – Ela me puxou para uma mesa e nós sentamos, fiquei a
olhando. – Liza, você nunca responderia um professor, ainda mais o de história...
Tem algo muito sério acontecendo. – Eve ficou me olhando, esperando uma
resposta.
- Tudo bem, eu
não posso ficar escondendo isso por muito tempo mesmo. – Disse e olhei nos
olhos dela. – Ontem, quando fui ao hospital com meu pai, eu passei mal e fiz
alguns exames... – Senti as lágrimas encherem meus olhos. – Os exames mostraram
que eu tenho um problema sério.
- O que? – Eve segurou minhas
mãos.
- Eve, eu tenho câncer nos
pulmões. – Disse e desabei em lágrimas, mais uma vez. Eve ficou paralisada, ela
não conseguia dizer nada. – É algo recente, mas eu podia ter prevenido se...
- Se sua mãe...
- Sim, minha mãe tem uma parcela
grande de culpa. – Abracei Eve e nós choramos juntas.
Continua...
E aí garotas? O que acharam desse primeiro capítulo? Comentem!
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