Justin estava dentro da sala com
o professor de história e eu estava o olhando enquanto ele respondia a prova,
suas mãos tremiam e ele estava roendo quase todas as unhas. Estava me segurando
para não entrar ali e tentar acalmá-lo. Olhei para dentro da sala e o professor
arregalou os olhos, ele levantou e caminhou em minha direção, pensei em sair
correndo, mas continuei ali.
- O que está fazendo aqui Bradshaw?
- Nada, só estava passando. –
Menti.
- Ele não está indo muito bem. –
O professor olhou para Justin, preocupado. – Quer conversar com ele?
- Sim! – Disse rapidamente. –
Sério?
- Um minuto! – O professor abriu
a porta e sorriu para mim.
- Muito obrigada. – Entrei e
Justin me olhou confuso.
- Não diz nada, só ouça. – Sentei
de frente para ele. – Meu amor, você não é um monstro, você é o homem mais
sensível, amável e bondoso que eu já conheci em toda a minha vida. Justin, eu
sei que por trás desse capitão fortão do time da escola, tem um homem
preocupado, carinhoso. Você sabe disso!
- Eu enterrei um homem e a
família dele está o procurando. – Ele começou a chorar. – Eu vi a irmã dele
chorando no corredor hoje cedo. – As lágrimas dele molhavam a prova.
- Isso não é sua culpa, você está
sendo ameaçado! – Segurei seu rosto. – Por favor, seja forte, você precisa ir
bem nessa prova, você sabe responder isso. – Eu sei que é fácil eu dizer “pare
de chorar” sendo que é muito difícil para ele conviver com isso. Justin encarou
a folha em sua frente e começou a escrever. Olhei para a porta e o professor me
olhava. – Eu preciso ir, mas estarei aqui fora te esperando, tudo bem? –
Levantei e Justin segurou meu braço, ele levantou e me abraçou forte, acariciei
suas costas e soltei um longo suspiro. – Eu te amo.
- Obrigado. – Justin olhou em
meus olhos e beijou minha testa.
- Estou aqui. – Apontei para fora
e Justin sorriu, caminhei até o professor. – Ele ficará bem.
- Vocês tem uma conexão incrível,
fico chocado com isso. - O professor parecia emocionado. - Incrível – Ele repetiu.
- Acabei. – Justin nos olhou.
- Já? – Perguntei confusa.
- Espero que sim. – Justin sorriu
e me abraçou. – Estou liberado Professor?
- Claro, podem ir. – O professor
sorriu e Justin saiu andando.
- Obrigada professor. – Abracei-o
rapidamente. – Alcancei Justin e segurei sua mão, ele abriu um sorriso
maravilhoso e beijou o topo da minha testa.
- Você tem treino hoje? –
Perguntei e Justin assentiu.
- Uma hora. Fica comigo e depois
a gente vai para a sorveteria e eu te ajudo lá.
- Ótima ideia. – Disse animada,
Justin riu, puxou minha cintura e me beijou.
Ele estava correndo na quadra e
ficava irritando os outros jogadores, derrubava alguns deles e eles morriam de
rir, juntos. Olhei para o canto da quadra e Bill encarava o Justin com muita
raiva nos olhos. Caminhei até ele, sem que me visse e parei atrás dele.
- Você pode abalar o emocional
dele... – Bill pulou assustado e me encarou. – Mas ele tem amigos e isso você
não vai tirar dele.
- Eu já matei um deles, faria
isso com qualquer um se fosse preciso. – Bill se aproximou. – Com qualquer um,
Elizabeth.
- Você é um monstro, sem
coração... Você não tem nada Bill, você nunca terá alguém que se importe com
você... Mas você sabe que isso é sua culpa, você afastou as pessoas de você. –
Bill desviou o corpo e saiu batendo a porta. Todo mundo me olhou, Justin veio
em minha direção.
- O que... Está tudo bem?
- Sim, volte para o jogo. –
Tentei disfarçar, Justin sorriu e voltou correndo. Eu odeio sentir pena do
Bill, eu deveria ter medo.
[...]
- Vamos fazer sorvete. – Justin disse
animado, fazia tempo que eu não o via sorrindo tanto.
- O sorvete está pronto Justin,
nós só servimos. – Disse rindo.
- VAOS SERVIR SORVETES – Justin pulou
e me olhou, ele parou de frente para mim. – Suba nas minhas costas, amor. – Ele
virou e eu pulei em suas costas sem dizer nada, eu só ria. Justin segurou
minhas pernas e saiu correndo.
- AI MEU DEUS, VAI DEVAGAR
JUSTIN. – Eu não conseguia parar de rir. Justin parou e me colocou no chão, eu
estava tentando me recuperar e ele me beijou.
- Chegamos. – Ele disse depois de
me beijar, eu nem havia percebido que já estávamos ali.
- Você fez mágica, não é
possível. – Puxei-o para dentro da sorveteria. Nós ficamos lá o dia inteiro,
claro que o Justin mais atrapalhou do que ajudou, mas eu estava muito feliz de
vê-lo animado.
- Agora eu posso? – Justin apontou
a máquina de sorvete e eu assenti. Ele correu até a máquina e abriu a boca
tomando o sorvete direto dali. – ISSO É MUITO BOM. – Justin disse com a boca
cheia de sorvete. – Vem aqui Liz.
- Não. – Disse arrumando o
balcão.
- POR FAVOR. – Justin gritou e eu
o olhei rindo.
- Não, Justin, vai logo com isso.
– Fechei o caixa e olhei se estava tudo organizado. –Vamos. – Quando virei,
Justin passou a mão lambuzada de sorvete no meu rosto e me beijou.
- ARGH JUSTIN. – Empurrei-o e ele
gargalhava.
- Eu amo sorvete, mas ficou
maravilhosa essa mistura de Elizabeth e sorvete. – Ele lambia os dedos.
- Bobo. – Empurrei e fui até o
banheiro lavar meu rosto, Justin encostou-se à porta e me fitou. – O que foi? –
Estava secando meu rosto, Justin sorriu e balançou a cabeça, ele me roubou um
selinho e lavou as mãos.
- Agora eu posso te beijar? – Ele
mostrou as mãos limpas.
- Você pode me beijar quando
quiser. – Disse e Justin me olhou com um sorriso malicioso, ele mordeu os
lábios e segurou minha cintura, nós fomos alguns passos para trás e minhas
costas se chocaram com a parede. Justin beijou meu pescoço e apertou minha
cintura. – Temos que ir embora. – Disse e Justin continuou me beijando.
- Não agora. – Justin me olhou e
beijou meus lábios, senti uma corrente elétrica percorrer minha espinha e o
beijei como se não me importasse com mais nada. Estava ficando muito calor,
Justin se afastou sem fôlego e sorriu. – É melhor irmos embora.
- Concordo. – Arrumei minha roupa
e sai dali. Nós fechamos a sorveteria e fomos embora caminhando. O celular do Justin tocou e ele
ficou encarando a tela, sem atender. – Quem é?
- Bill. – Justin atendeu e colocou
o celular perto do ouvido. Ele ficou tenso e sua expressão mudou rapidamente.
- Desliga isso. – Olhei em seus
olhos. – VAI SE FERRAR BILL. – Peguei o celular da mão do Justin e disse com
muita raiva e ele desligou.
- Amanhã. – Justin disse
paralisado.
- O que tem amanhã? O que ele
disse?
- Eu preciso encontrar com ele. –
Justin cobriu o rosto com as mãos. – Vou te levar para casa.
- JUSTIN ME DIZ! – Gritei assustada.
- Ele disse que muitas pessoas
irão morrer amanhã... Eu não duvido que ele faça isso, Liz.
- Eu vou com você. – Segurei seu
braço. – Se não me deixar, eu irei te seguir.
- Sairei às Onze, quando minha
mãe estiver dormindo.
- Te encontro aqui. – Disse e
encostei sua testa na minha. – Vai ficar tudo bem.
- Você não podia...
- Eu vou. – O deixei terminar,
juntei nossos lábios por um longo tempo, fechei os olhos e me afastei, fomos
para nossas casas.
Continua...
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