Megan POV
Voltamos para nossa casa. Meus pais me contaram como tudo
aconteceu, mas eu não ouvi nem metade, minha cabeça está cheia. Eu estou muito
feliz por eles estarem de volta, mas não queria ter perdido o Justin. Não, eu não o perdi, não pense nisso Megan.
Uma lágrima percorreu meu rosto e caiu na foto que eu segurava, era a única
foto, em papel, que eu tenho com ele. Limpei o papel e coloquei em um
porta-retratos, olhei em volta, procurando um lugar para aquele retrato,
coloquei ao lado da minha cama e fiquei olhando. Sorri, o sorriso do Justin é
tão contagiante... E eu sinto tanta falta dele.
- Filha? – Mamãe bateu na porta do quarto. – Eu fiz um
lanche, venha comer.
- Estou sem fome. – Disse, sem olhá-la.
- Oh querida, eu sinto muito pelo seu namoradinho... – Ela
disse isso com tanta frieza.
- Ele não era só “meu namoradinho”, mãe. Justin esteve ao
meu lado em todos os momentos em que vocês estiveram longe. Ele foi meu
companheiro, foi um amigo, um irmão. Nós fazíamos piadas um do outro, riamos o
tempo todo, às vezes brigávamos, mas logo tudo se acertava. Confiamos um ao
outro, contávamos segredos, nós até comentávamos sobre as pessoas que nos
interessavam, no começo, mas depois essa amizade foi além. – Pronto, lá estava
eu chorando. – Passamos a nos olhar com outros olhos e quando notamos,
estávamos andando de mãos dadas e trocando carinhos. Ele me fez feliz, quando
eu achava que tudo havia acabado.
- Ele era muito importante para você, não é? – Ela estava
emocionada também.
- Ele é importante e vai continuar sendo. – Olhei para cima,
tentando não chorar mais.
- Me desculpe por ter dito...
- Tudo bem. – Notei que ela olhava o meu novo retrato.
- É um rapaz muito bonito. – Ela sorriu, assenti. – Você
verá, querida, logo ele estará saindo daquele hospital. – Ela beijou minha
testa e saiu do quarto.
As semanas foram passando e viraram meses, para ser mais
exata, havia passado seis meses desde que Justin foi internado. Houve um
momento em que ele esteve melhor, chegou a mexer alguns músculos, mas não
passou disso. Segundo os médicos, a bala atingiu um lugar delicado e quando o
deixaram em coma induzido, o corpo dele reagiu mal e isso só piorou a situação.
Além disso, Justin estava com dificuldade para respirar e se desligassem os
aparelhos, ele não aguentaria nem dois dias.
Estava no quarto, segurando as mãos dele. Eu o observava há
algum tempo, pensando em tudo que faremos quando ele sair daqui. Ia abraça-lo,
quando ouvi o barulho da maçaneta, olhei para a porta e Melissa entrou,
segurando o bebê.
- Oh, eu volto depois. – Ela disse, dando meia volta.
- Não Melissa, espere... Pode entrar. – Afastei-me do Justin
e caminhei até a janela, eu acho que ela está esperando que eu saia, mas não
irei.
- Hey filha, olhe o papai. – Ela dizia com uma voz doce e
amável. – Ele está dormindo, mas logo irá acordar para trocar suas fraldas e
sair para te ensinar a andar de bicicleta. – Olhei-a e vi que Melissa enxugou o
rosto. – Ele ficará bem.
- Ele ficará muito bem e irá ser um daqueles pais corujas
que irá te ligar o tempo todo para saber o que está fazendo, com quem está. –
Disse, aproximando. – Irá implicar com seus namorados e ficará emburrado quando
lhe apresentar algum garoto. – Sorri para Melissa e segurei a mãozinha da Charlotte.
- Mas mesmo assim, será um pai muito amável.
– Melissa me olhava.
- Ouviu Lottie?
- Obrigada Megan. – Melissa sorria.
- Eu sei que Justin ficará muito feliz quando conhecê-la. –
Afirmei e ela suspirou.
- Sim. – Ela me abraçou. – Pode segurá-la, eu preciso ir ao
banheiro.
- Claro. – Peguei a bebê e fiquei brincando com ela.
- Hey papai, acorde logo. – Mudei a voz e disse ao Justin. –
Você precisa conhecer essa princesinha. – Segurei a mão dele e senti um arrepio
no corpo, aproximei Lottie e ela apertou o nariz do Justin, comecei a rir.
- MEGAN, VAMOS EMBORA. – Papai entrou no quarto, gritando,
olhei-o, arregalei os olhos, estava confusa e assustada. – Devolva essa menina
e vamos embora.
- Por que está gritando? – Perguntei, balançando Lottie para
que ela não chorasse.
- EU DISSE PARA DEVOLVER ESSA MENINA.
- James, pare de gritar. – Mamãe entrou ali e Melissa estava
atrás, ela pegou sua filha e me olhou, sem entender.
- Agora vamos. – Papai puxou meu braço.
- Para onde? O que está acontecendo? – Soltei-me e o olhei.
Scooter entrou na sala e fechou a porta.
- James, vamos conversar... – Ele disse, seus olhos estavam
vermelhos.
- Não, nós não vamos. – Papai partiu para cima dele, mas
mamãe entrou na frente.
- Vamos embora, agora. – Ela disse e segurou o rosto do meu
pai. – Agora. – Repetiu. – Venha Meg.
- Mas mãe...
- Se despeça de todos e venham, nós estaremos no carro. –
Eles saíram dali.
- Scott, o que está acontecendo?
- Vá com seus pais Meg. – Ele abaixou a cabeça. – Mas, você
vai querer se despedir do Justin, antes...
- Despedir, por quê?
- Eu prefiro que eles te contem. – Scooter e esse papinho de
“eu prefiro que eles te contem”, isso me irrita profundamente. Virei-me e
caminhei até a cama, onde Justin dormia, como um anjo. Acariciei seu rosto e
beijei sua testa. Eu não sei o que está acontecendo, não sei o motivo da fúria
do meu pai, mas sinto que algo irá nos afastar.
- Eu estarei aqui meu amor... Estarei aqui quando você
acordar. – Eu olhava para aquele rosto, angelical, sem saber como me despedir.
Justin continuava imóvel, meus olhos marejaram, e eu tentei não deixar as
lágrimas caírem. aproximei-me ainda mais e selei nossos lábios, por alguns
segundos. – Eu te amo. – Disse e foi o que fez as lágrimas tomarem conta do meu
rosto.
- Se ele melhora, eu te ligo. – Scooter disse, olhei-o e
assenti. – Até mais Megan. – Ele me abraçou.
- Meu pai vai me afastar de vocês, não vai? – Perguntei e
Scooter abaixou a cabeça.
- Eu espero que não Meg, você tem mudado a vida do Justin e,
eu confesso, a minha também. Eu só espero que isso seja um “Até logo”. – Ele me
olhou, de novo. – Não fique com raiva de mim, por favor. – Eu queria perguntar,
mas fiquei quieta. – Agora vá, antes que seu pai fique mais nervoso. – Assenti
e olhei Justin, pela última vez. Sai dali antes que eu ficasse em prantos.
[...]
Vi minha mãe se aproximar, enquanto eu procurava algo para
comer, na cozinha. Ela ficou me olhando, seu rosto estava avermelhado, eu a
ouvi, enquanto discutia com meu pai, eles brigaram por quase uma hora. Peguei a
caixa de cereal e o leite.
- Acho que precisamos conversar, não é mesmo? – Ela quebrou
o silêncio.
- Não sei. – Dei de ombros e coloquei o cereal em uma
tigela, depois o leite, peguei uma colher e quando ia comer, mamãe segurou meu
braço.
- Eu estou falando com você Megan.
- Eu estou ouvindo. – Respondi e deixei o cereal, de lado. –
Mas a única coisa que me interessa, agora, é saber o que acontece com vocês e o
Scooter. – Mamãe mudou a expressão. – Será que eu posso saber?
- Seu pai é um pouco ciumento, só isso, filha. – Ela não
queria contar.
- Mãe, eu não sou mais uma criança e, além do mais, eu sei
que Scooter já gostou de você quando eram adolescentes.
- S-s-sabe?
- Ele me contou, quando não sabia que eu era filha de vocês...
Mas, hoje, no hospital, ele disse que preferia que você me contassem... O que?
- Meg, eu e Scooter éramos muito amigos... Para mim, era só
isso. Então eu conheci o seu pai, me apaixonei e quando nós começamos a sair,
Scooter se declarou para mim, mas no outro dia, ele disse que estava bêbado e
pediu para esquecer. – Ela soltou um suspiro. – Nós três nos tornamos muito
amigos, vivíamos juntos, o tempo todo e, seu pai me pediu em namoro... Então
Scooter começou a se afastar, ele ficou estranho e começou a beber.
- Uau. – Comentei, foi mais forte que eu.
- E um dia, quando eu estava em uma festa de uma colega da
escola, com seu pai, Scooter se aproximou e disse que me amava, então ele me
beijou. Mas o seu pai viu e eles começaram a brigar, foi horrível. – Mamãe me
olhou e parou por um tempo. – E a partir daquele dia, seu pai e Scooter
brigavam toda vez que se viam, todos os dias. – Ela continuou.
- E a ACOS?
- Ah sim... Nós éramos jovens aprendizes, eu conheci Scooter
lá e depois conhecemos o seu pai. Sempre estivemos na ACOS... Enfim, me casei
com seu pai e nunca mais vimos Scooter, ele pediu transferência de base e se
mudou para outro continente.
- E por que papai fez todo aquele escândalo? – Perguntei,
confusa.
- Eles começaram a discutir, acho que Scott disse que Justin
só estava ali por culpa do seu pai... Eu não entendi muito bem... – Mamãe estava
muito triste. – E não foi só isso, eles estavam discutindo e Scooter disse
que... – Ela abaixou a cabeça e encarou os pés. – Ele disse que se não fosse o
seu pai, eu estaria casada com ele, disse que eu o amo.
- Droga. – Eu pensei que tinha sido menos sério, mas Scott foi
longe demais. – E o que você fez mãe?
- Nada, eu não sabia o que fazer... Eu não aguento mais
isso, Scott e eu éramos melhores amigos e era para ser assim até hoje. – Ela cobriu
o rosto com as mãos, escondendo as lágrimas. – Dói muito vê-los brigando.
- Você gostava dele mãe?
- Não... Eu o via como um grande amigo... Eu sempre amei seu
pai. – Mas ele não entende.
- Scott não tinha nada que dizer isso... – Ele me pediu para
não odia-lo, eu não irei, mas estou brava, muito brava.
Continua...
Comentem!