"Diário de uma Belieber" - Cap. 1

Acordei com o rosto molhado. Afoguei-me em lágrimas noite passada e enxarquei o travesseiro. Isso não é bom. Enxuguei meu rosto e virei o travesseiro de cabeça para baixo. Peguei meu celular e entrei em alguma das redes sociais, só se falava sobre o novo casal de Hollywood. Peguei meu diário e o abri em uma folha vazia. Este estava terminando, eu ia precisar comprar outro.

2 de janeiro de 2012,

O ano começou mal. Muito mal. Ontem eu soube de algo horrível. Horrível para mim claro. Sabe quando você se apaixona por alguém e não espera nada em troca, mas quando percebe que é insignificante para essa pessoa, seu mundo desaba? Não acho que ele não se importa com os fãs, mas nós, Eu pelo menos, sonho todos os dias que talvez possa ser a mulher da vida dele. Eu o amo sem conhecê-lo, é algo de fã mesmo, mas quando acontece qualquer coisa que não está nos meus planos de ser a garota dele, sinto-me um lixo. As pessoas julgam esse amor, mas elas não entendem. Eu o amo mais do que como um cantor que está fazendo sucesso. É algo real, que só eu entendo, são meus sentimentos.

Enfim, eu soube que Justin está namorando, não odeio a namorada dele por isso, mas eu realmente sentia que um dia poderíamos ter algo. Quer saber? Sou uma idiota mesmo.

Fechei o diário e o joguei para longe. Desliguei o celular e olhei a única foto do Justin que estava em meu quarto. Não tenho muitas coisas, o que tenho está escondido. Meus pais acham tolice ser fã. Meu irmão se sente envergonhado quando falo sobre ser belieber. Então guardo esses sentimentos para mim e finjo ser alguém que não sou para eles.

- Amelia Shaw Bellinazzo. – Papai gritou de for a do quarto, com seu sotaque italiano. Pulei da cama e destranquei a porta.

- Sì papà. – Disse o olhando.

- Se atrasará de novo. – Ele era estava quase perdendo o sotaque. Faltava pouco.

- Só irei me trocar. – Abaixei a cabeça e fiquei fitando o chão.

- Está bem querida? – Ele levantou meu rosto. Assenti. – Não demore. – Ele saiu. Fechei a porta e caminhei até o armário. Depois de tomar banho, vesti um short e uma regata, por cima, uma camisa xadrez larga. Calcei sapatilhas e arrumei meu cabelo, prendi com um coque mal feito. – Peguei minha mala e deixei o quarto. Já havia guardado o diario, não me desgrudo dele. Desci a escada e joguei-me no sofá.

- Irmãzinha querida do meu coração.

- Não Jean. – Fuzilei-o com os olhos. Ele se jogou em cima de mim. – SAI GORDO! – Gritei tentando tirá-lo.

- Gordo? – Ele me olhou. De repente, Jean começou a fazer cócegas em mim. Eu não conseguia resistir às cócegas. Comecei a rir até ficar com falta de ar. – Onde está sua amiga gata? – Ele perguntou ao parar com as cócegas.

- Não tem chance com ela – Olhei-o e mostrei a língua. 

- Cala a boca. – Luc jogou uma almofoda em mim. Ouvi a campainha tocar e Luc correu até a porta.

- Não vai dar em cima da minha amiga! – Levantei e ele começou a rir.

- JEAN LUC SHAW BELLINAZZO – Ouvi mamãe falar brava. – Deixe de atormentar sua irmã. – Ele afastou-se da porta.

- Não precisa dizer meu nome inteiro. – Resmungou. Abri a porta e Jessie abriu um sorriso. Abracei-a.

- Vem. – Segurei sua mão e puxei-a para dentro. – Feche a porta irmãozinho.

- Eu ajudo com a mala. – Jean ofereceu-se e pegou a mala dela.

- Obrigada. – Jessie disse tímida. Revirei os olhos.

- E o Gabe? Como vocês estão? – Perguntei para provocar.

- Amy. – Ela me repreendeu. Luc deixou a mala junto com a minha e jogou-se no sofá.

- O que eu fiz?

- Nada amiga. – Jessie olhou Luc. Senti uma tensão no ar. Mas fiquei quieta.

- Vamos crianças? – Mamãe disse. Papai a acompanhava, carregando as malas.

- Itália. Lá vamos nós! – Disse e puxei minha mala.

[...]

Desembarcamos no aeroporto, na Itália. Essa viagem será boa, assim esqueço um pouco os sentimentos. Pegamos o carro que papai alugou e seguimos para Verona. Luc não falou nada a viagem inteira, eu percebia que ele evitava se aproximar da Jess. Isso é muito estranho.

- VOVÔ. – Gritei ao vê-lo, quando papai estacionou o carro. Abracei-o.

- Ragazza. – Vovô disse em italiano. Ele beijou minha testa.

- Não ganho abraço? – Vovó Laura perguntou. Abracei-a.

- Estava morrendo de saudade. – Sussurrei. Meus avós são os melhores do mundo. Esse inglês com sotaque italiano me anima.

- AMY! – Ouvi meu nome e virei-me. Giulia e Paolo estavam ali. Corri até eles e os abracei. Afastei-me e encontrei os olhos do Paolo, eles brilhavam. Senti minhas bochechas corarem. – Precisamos falar sobre Justin. – Giulia colocou as mãos na cintura.

- Mas já, de novo esse garoto. – Paolo revirou os olhos.

- Smettere di essere fastidioso (pare de ser irritante) – Guilia disse em italiano.

- Jess. – Chamei. – Esses são Paolo e Guilia. Essa é Jessie, minha amiga.

- Olá. – Eles disseram.

- JÁ VOLTO FAMÍLIA! – Gritei e Mamãe me olhou brava. Segurei o braço da Jess e da Giulia e começamos a caminhar. Paolo nos acompanhou. Ficamos comentando sobre Justin. Giulia também é belieber.

- Ragazze. – Olhamos Paolo. – Vamos tomar sorvete? – Ele apontou a sorveteria. Caminhamos para lá e sentamos em uma mesa. Jessie acompanhou Giulia para falar com um amigo dela. – Então. – Paolo segurou minhas mãos. – Senti sua falta, principessa. – Ele olhava em meus olhos.

- Eu também Paolo...

- Não. Mas eu senti falta de nós, de ter você. Eu te amo Amy. – Ele abaixou a cabeça. – Você só quer saber desse Justin Bieber, mas olha ai, ele esta namorando e você?

- Não vou discutir sobre isso de novo. – Soltei minhas mãos e afastei-me.

- Você fica brava quando falam sobre seus sentimentos por esse garoto, mas nunca pensou que alguém possa sentir isso por você? – Ele disse e saiu dali.

- PAOLO! – Gritei e ele me olhou. Caminhei até ele.

- Sabe Amelia, as pessoas reclamam muito do amor, mas só querem enxerga-lo com a pessoa que elas querem. Eu só queria que você me amasse como eu te amo. – Os olhos dele estavam cheios de lágrimas. – Esperei dois anos para te ver de novo e juro que estou muito feliz por estar aqui. Mas comecei a acreditar que estar aqui com você pode me fazer mal.

- Paolo. – Uma culpa me consumia.

- Eu não devia ter dito essas coisas, mas eu achava que podia te fazer feliz. – Ele enxugou o rosto e abaixou a cabeça. Abracei-o.

- Me desculpe. –Sussurrei. Paolo me afastou.

- Ele estará na cidade em poucos minutos. – Paolo disse me olhando.

- O quê?

- Só não conta para muita gente se não terá tumulto. – Paolo suspirou e foi embora. Fiquei o olhando e pensando no que ele disse. Justin estará aqui?

- Amiga. – Jess colocou a mão em meu ombro.

- Outra crise de paixão? – Giulia ria.

- Justin estará aqui em poucos minutos. – Disse ainda sem acreditar.

- O QUÊ? – Giulia gritou.

- Paolo disse. – Um sorriso se formou em meu rosto.

- Nós precisamos vê-lo Amy! – Giulia pulava e gritava coisas em italiano. Vi Paolo conversando com um homem no fim da rua. Ele me olhou e abaixou a cabeça. Desde criança nós nos conhecemos. Paolo sempre foi meu melhor amigo, nos falavamos todo dia e a distancia não atrapalhava em nada. Mas há dois anos, desde a ultima vez que estive aqui, nossa relação mudou. Paolo me beijou, de repente, um não sabia sobre esses sentimentos, nunca tinha percebido. E foi meu primeiro beijo. Ele se desculpou muito, mas eu não aceitava o que ele tinha feito. Eu não sentia o mesmo. Mas agora, nós crescemos e Paolo não esqueceu esses sentimentos. Ele ainda me ama, mas eu ainda não sinto nada.

- Está bem amiga? – Jess perguntou.

- Sim. – Forcei um sorriso, mas abaixei a cabeça.

[...]

Depois de tomarmos sorvete fomos para o restaurante do vovô. Estava bastante movimentado. Giulia, Jess e eu entramos e eu vi Justin e Selena juntos. Eles trocavam carinhos. Senti meu coração acelerar e fiquei paralizada. Meus olhos marejavam, mas eu não conseguia me mover.

-AH MEU DEUS, AMY, É ELE! – Giulia gritou e e correu até a mesa que Justin estava. Eles almoçavam. Jess me olhou sorrindo.

- Vamos lá amiga!

- Eu não posso. – Sai dali correndo. Eu não sabia para onde estava indo, só corria. Parei de correr ao me chocar com uma senhora. – Me desculpe. – disse escondendo meu rosto molhado por lágrimas. Virei-me. Estava em frente a casa da Julieta. Olhei as mulheres em prantos ali. Entrei por curiosidade. Todas elas escreviam algo e colocavam sobre a parede. Estava no palco de uma das histórias de amor mais bonitas de todos os tempos. Senti falta do meu diário naquele momento. Apenas sentei-me em um banco e fiquei olhando os papéis pendurados. Eu sempre quis ver Justin, sempre. Mas não assim. Não com alguém, com uma namorada. Pensei sobre esse dia várias vezes, mas ele aconteceu totalmente fora dos meus planos. Ouvi meu celular tocar, mas não atendi. Só conseguia chorar.

- JUSTIN BIEBER ESTÁ AQUI! – Ouvi alguém gritar e todo mundo deixar a casa da Julieta. Continuei ali. Meu coração palpitava muito rápido. Selena entrou na casa e Justin veio depois. Abaixei a cabeça e comecei a chorar ainda mais. Percebi que alguém sentou ao meu lado.

- Com licença. – Levantei a cabeça e Alfredo me olhava. Enxuguei meu rosto rapidamente e forcei um sorriso. Peguei meu celular e coloquei os fones no ouvido.

- Está bem? – Olhei para o lado. Eu ainda não havia parado de chorar. Justin estava falando comigo? Olhei para o lado e não tinha ninguém. – É com você. Se falar inglês. – Ele riu.

- Ah, acho que sim. – Franzi a testa.

- Não parece. – Ele ainda me olhava.

- Estou tão mal assim. – Olhei para a tela do celular. Meu rosto estava muito vermelho.

- Você está linda, mas está chorando muito. – Ele não havia parado de falar comigo. Isso vai me fazer surtar muito depois. Não foi assim que imaginei nossa primeira conversa, mas estava ótimo para mim.

- Eu vou ficar bem. – Fitei o chão.

- Algum garoto é o motivo do seu choro? – Justin trocou de lugar com Alfredo e sentou ao meu lado. Tentava controlar meu choro, mas era impossivel. Minha vontade era de abraça-lo e não soltar nunca mais. Olhei Justin.

- Não vai querer saber. – Levantei.

- Estou incomodando? – Ele ia levantar.

- NÃO! – Gritei por impulso. – Não incomoda, mas eu preciso ir chorar em outro lugar. – Apontei a saída e Justin segurou minhas mãos.

- Não chore por garotos, eles não merecem. – Ele piscou. Justin Drew Bieber piscou para mim.

- Não mesmo. – Alfredo concordou. Ri e assenti. – Eu acho que você precisa de um abraço. Posso te abraçar, se quiser. – Ele abriu os braços.

- Por que não Alfredo? – Abri os braços e recebi o abraço que ele ofereceu.

- Então você sabe meu nome, mas eu não sei o seu? – Ele me olhou sério.

- Amelia. – Disse. – Mas Amy é melhor.

- Amy. – Ele repetiu. – Se precisar de consolo, sabe, eu estou...

- Menos ai garotão. – Justin levantou e afastou Alfredo. Alfredo estava me xavecando? Sério isso? – Posso te abraçar também.

- Pode abraçar Selena. – Alfredo disse e Justin olhou-a. Ela estava escrevendo algo em um papel. Abaixei a cabeça.

- Eu preciso mesmo ir. – Dei alguns passos para trás.

- Até mais Amy. – Alfredo acenou. Acenei de volta e olhei Justin. Ele caminhava até Selena. Abaixei a cabeça e virei-me. Preciso do meu diário. Caminhava para a casa dos meus avós quando passei por uma loja. Tinha um diário na vitrine, não pensei duas vezes em comprar. Sentei na calçada e o abri. Comecei a escrever sobre o que acabará de acontecer.

Continua...

Espero que gostem xx